Wednesday, February 10, 2010

Aos modistas e desmodados cidadãos e amantes brasileiros

Lendo a nova edição da Elle brasileira, não posso deixar de pensar que as pessoas que são responsáveis pela definição das tendência sofrem do que parece ser uma grande falta de bom gosto, e mesmo de originalidade. A moda brasileira reflete, é quase calro, tudo o mais no cenário artístico do país. Após seis anos na faculdade de Letras, posso dizer que há vários lugares e instituições que podem ser lidas como microcosmos da situação atual da arte brasileira. E não, não menciono a faculdade de Letras como forma de autorizar minha escrita, e menos ainda minhas opiniões. Menciono porque ali também é clara as posições tomadas pelos estudiosos das diferentes línguas ali apresentadas. Nada mais justo, e também interessante, que as respectivas culturas estejam refletidas nas suas produções.
Como se torna claro na moda, o artista brasileiro se esforça para ser original. Originalidade muitas vezes é confundida com diferença, algumas vezes com a extrema. Talvez seja uma forma de reforçar uma idéia, make a statement. É ambicioso sim. O Brasil é, como um todo, um país ambicioso. Porém, pouco prático, pouco paciente, e, acima de tudo, pouco ativo. E essa combinação costuma n"ao resultar no que é necessário ao desenvolvimento; o aprendizado.
As pessoas que detem o tal "conhecimento" cultural autorizado continuam a acreditar que tal poder deve ter como base a ignorância de todos os outros incapazes de entender o significado por trás das renomadas obras e autores. Do que adianta? Qual o poder da arte se não é, de alguma forma, comunicável? O brasileiro não gosta, não entende, não se interessa. Não se expressa.
O que se discute aqui não é gosto (embora eu expresse o meu próprio), mas quão acessível é a arte brasileira, e qual é o esforço direcionado para que seja. O que se vê mais e mais são pessoas com conexões pessoais e com pouco talento dominarem setores que se tornam cada vez mais pedantes na sua busca pela "originalidade" inspirada em "tendências". Quantas vezes você, brasileiro, já pegou um de "nossos" livros ovacionados, fundadores do intelecto nacional, e n"ao se identificou ou sequer entendey do que se trata? É culpa minha, você pensa. ~E culpa nossa. Crescemos em uma das sociedades que nos ensinam constantemente que não somos parte de um coletivo maior. Nós somos os analfabetos ou um dos intelectuais, o rico ou o pobre, agora o branco ou o negro.
Se você leu O ateneu e não se sentiu motivado a dar uma chance à décima página, não se culpe. Mas pode se afligir. No Brasil, você é ignorante ou é pedante, e salvem-se as exceções, que, como diz o rótulo, são pouquíssimas e desvalorozas.

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